Friday, May 02, 2008

Artigo sobre nós na ASPECTS

Na Holanda eu e o Rodolfo visitamos o Centro para a Filosofia Reformacional, em Soest, e conhecemos a Dr. Hillie, que se prontificou a ajudar no desenvolvimento da filosofia calvinística no Brasil.

Mais recentemente o pessoal da associação entrou em contato e publicou uma curta matéria no seu boletim (Aspects of Reformational Philosophy, vol 2 (2008) NO.1) sobre o desenvolvimento da filosofia reformacional no Brasil. O texto pode ser lido (em inglês) no endereço abaixo:

http://www.aspecten.org/aspects/AspectsMarch2008.pdf

De fato, a Associação Kuyper no Brasil é agora mais famosa na Europa do que no Brasil :-D

Wednesday, April 11, 2007

Introduzindo Alvin Plantinga

Caros leitores,

Recentemente saiu um artigo meu sobre a epistemologia de Alvin Plantinga, um filósofo cristão bastante influente, de orientação calvinista. Trata-se de um artigo introdutório, para uma primeira aproximação ao pensamento plantingiano mas, ao mesmo tempo, pode ajudar bastante aqueles que precisam articular melhor a sua visão sobre a relação entre a fé em Deus e a racionalidade.

O artigo é intitulado "A Basicalidade da Crença em Deus segundo Alvin Plantinga", e foi publicado na Horizonte: revista de estudos de teologia e ciências da religião, da PUC MINAS. Está disponível em PDF.

Eu gostaria de receber observações críticas daqueles que puderem ler o artigo!

Para quem quiser saber um pouco mais sobre Alvin Plantinga, clicar no link abaixo:

Alvin Plantinga

Thursday, December 14, 2006

Mozart: Barth disse, e Dooyeweerd concordou!

Bem, creio que todos os que me conhecem melhor sabem da minha paixão por Mozart - mesmo que eu não passe de um ouvinte diletante.
Tive acesso, no ano passado, a um dos raríssimos estudos sobre cultura de Karl Barth, na coletânea de Leibrecht em homenagem a Paul Tillich. Trata-se do famosíssimo - dentro de uma insignificante parcela da população mundial, naturalmente - "Wolfgang Amadeus Mozart", um artigo de Barth que ainda pretendo traduzir. Deveria ter sido neste ano - o "ano Mozart", mas meu cérebro não me permitiu tal façanha. No ano que vem, quem sabe...
Mas a referência ao artigo se deve a uma descoberta curiosa. No excelente site sobre Dooyeweerd de Glenn Friesen - um erudito bastante excêntrico que passou dois meses em L'Abri, visitou a Índia, foi aluno de Hendrik Hart quando este ainda era conservador, e finalmente, estudou com o próprio Dooyeweerd - encontrei uma historieta que só poderia correr mesmo fora dos livros. Segundo o Friesen, numa espécie de sarau musical, na casa da filha de Dooyeweerd, ele teve a oportunidade de ouvi-lo comentar Barth. Cito Friesen:
"Então Dooyeweerd falou-me a respeito de música. Ele me disse que Barth tinha dito que, quando os anjos no céu são requisitados a tocar diante de Deus, eles tocam Bach. Mas que, quando eles tocam por si mesmos [para se divertir, no original Barthiano], eles tocam Mozart [e mesmo Deus se diverte com eles, diz o original]. Para sempre em me lembrarei e apreciarei este lado humano de Dooyeweerd."
Como deve ter ficado claro nas minhas observações em itálico, Dooyeweerd citou o artigo de Barth. É compreensível, desde que Dooyeweerd não apenas lia Barth; também era músico, e tocava piano bem, segundo dizem. E eu concordo com ambos: Deus fez Mozart para se divertir, e a todos nós. E se alguém não acredita nisto?
Ora, quem tem ouvidos para ouvir, ouça...

Saturday, November 25, 2006

Como se pronuncia "Dooyeweerd"?

Dói-véred, segundo um amigo. Último "e" quase omitido.

Friday, November 24, 2006

Sobre Mito e Realidade

Antes de iniciar o texto, cabe dizer que não se trata de uma resenha sobre o livro de Mircea Eliade, ou de considerações maduras sobre Lévi-Strauss - apesar de este e aquele serem citados ou estajam presentes aqui. Deveras, esse é um texto-resposta ao post Aforismos... de Marcel Camargo - ou um comentário longo demias para ser postado em seu blog. Portanto, não seria má idéia conferir o texto do Marcel.

O mito é o resultado de uma diferença insuperável, uma resposta estrutural da cognição humana para o problema da distinção da antítese. O pensamento mitológico, então, fixa-se como uma tentativa de plasmar no entendimento uma distinção insuperável, sua orígem e "gestão" na realidade, tal como percebida. Se temos a liberdade de fazer (e, por que não?) um híbrido entre Lévi-Strauss e Weber (tomara que nenhum antropólogo profissional leia o que estou escrevendo), o mito constitui-se num mapa cognitivo (como bem nos disse Marcel) que localiza distinções e estabelece relações, que posto sobre a realidade caótica (aqui temos Weber) sem qualquer ordem preestabelecida (essa forma ortográfica modernosa está no Houaiss) ou que a cognição humana seja capaz de compreender/perceber; precisando, assim, lançar mão de mecanismo para que conhecimento e relação sejam possíveis - tanto no mundo da Natureza quanto no da Cultura - é com isso que o indivíduo, sujeito da ação, pode atribuir sentido.

Continua aqui.

Monday, November 20, 2006

Carta à redação da revista "Época" (Versão do Diretor)

Prezado responsável,

Gostaria que fosse considerado meu breve comentário referente ao texto "A igreja dos novos ateus" de Alexandre Mansur e Luciana Vicária com Mariana Sanches, publicado em Época, 443, 13 de novembro de 2006, p.88-97. Meu nome é Lucas Grassi Freire e sou estudante universitário em Belo Horizonte. Interesso-me por filosofia da ciência e a relação entre ciência e religião, além de ser cristão e criacionista, o que me levou a comentar sobre o texto. Sabendo que há muito pouco tempo para a análise de cartas à redação, resolvi escrever um parágrafo de comentário somente.

O artigo sobre o ateísmo de pessoas como o Sr. Dennet, o Dr. Dawkins e de tantos outros tem um título muito bem escolhido. Ninguém está livre de pressuposições religiosas no raciocínio e o ateísmo é mais uma ilustração disso. Dennet tentou construir um argumento para concluir que o teísmo é falso, por ter sido mais um produto da evolução. Com isso ele ironicamente seria obrigado a concluir que a ciência naturalista também é falsa, por ser mais um produto da evolução arbitrária e caótica. Com efeito, ateus de forte retórica como Dennet, na ausência de bons argumentos, recorrem à "lei do mais forte" para se impor no mundo da ciência com esse tipo de tese. Na verdade, a ação tentar argumentar contra o teísmo é contraditória. Dentro da visão ateísta de um mundo caótico, defendida por Dennet, a lógica não pode fazer sentido algum, mas dentro do teísmo cristão a lógica faz todo o sentido. Por isso, Dennet e os seus só conseguem argumentar pressupondo o cristianismo ou parte dele, o que não faz sentido segundo seus próprios critérios. Por isso, o ateísmo é, sim, uma religião e recorrer à "ciência" nesses termos para defendê-lo é auto-contraditório.

Grato pela atenção,

Lucas G. Freire

Tuesday, September 19, 2006

Filosofia Neocalvinista em Português: Uma Bibliografia Comentada

Outro dia destes (na verdade, há algum tempo...) o Nagel me pediu uma pequena bibliografia com textos fundamentais de filosofia reformacional. Achei melhor disponibilizar uma lista no Blog, que ficasse acessível a todo mundo.
Um problema que enfrentamos, atualmente, é que toda a bibliografia de neocalvinismo em português consiste de trabalhos teológicos. Faltam estudos propriamente filosóficos. Estes se encontram em inglês, apenas. Para quem não lê inglês, ou não tem acesso aos livros, será preciso se contentar com o que temos. Mas não é que os livros disponíveis não seja bons; o problema é que alguns indivíduos negam a existência de uma filosofia calvinística pelo simples fato de só conhecerem a teologia calvinista...
Eu sugeriria, antes de tudo, como ponto de partida, a obra Calvinismo, de Abraham Kuyper, pela editora Cultura Cristã (Lectures on Calvinism). É o livro seminal do movimento.
Um outro livro fundamental, agora esgotado, é A Religião e o Desenvolvimento da Ciência Moderna, de R. Hooykas (ed. Universidade de Brasília). Professor de História da Ciência na Universidade de Utrecht, mostra como a ciência moderna nasceu a partir da Reforma Calvinista.
Depois, em português, a trilogia de Francis Schaeffer: O Deus que Intervém, O Deus que se Revela, e A Morte da Razão. No primeiro temos um exemplo excelente da apologética pressuposicional de Schaeffer. No segundo, uma apresentação de seus pressupostos filosófico-teológicos, que são derivados, em grande medida, de seu antigo professor, o Dr. Cornelius Van Til. No terceiro, Schaeffer apresenta panoramicamente uma crítica da cultura e do pensamento ocidental, que complementa "O Deus que Intervém". Essa crítica é inspirada principalmente em Herman Dooyeweerd, via Hans Rookmaaker.
Mas, além da trilogia, recomendamos os outros livros de Schaeffer: Poluição e Morte do Homem, E Agora, Como Vamos Viver?, A Verdadeira Espiritualidade, etc.
Temos um livro interessante, que apresenta a apologética vantiliana, e critica um pouco Schaeffer: A Soberania Banida (R.K. McGregor Wright, Cultura Cristã). O livro mostra as raízes pagãs do projeto de um pensamento autônomo, bem como as conexões do arminianismo com tal projeto. Em minha opinião, no entanto, a abordagem Schaefferiana à apologética é superior (e a de Dooyeweerd, na filosofia, é muito superior).
Temos também os livros da Nancy Pearcey: E Agora, como Viveremos?, escrito comCharles Colson, é uma ótima introdução à cosmovisão cristã - exceto por sua birra com a doutrina da predestinação. Trata-se de um livro mais popular, entretanto. Seu livro A Alma da Ciência (Cultura Cristã) apresenta um nível mais alto, mas não discute muito a própria filosofia reformada.
De maior interesse é seu best-seller, Total Truth - muito mal traduzido em português, tanto no título como no conteúdo, pela CPAD - A Verdade Absoluta. O livro foi lançado no Congresso de Ética e Cidadania, da Mackenzie (2006), quando a Nancy esteve presente ministrando sobre religião e ciência. Foi quando obtive a minha cópia autografada... Novamente, não desenvolve um sistema de filosofia reformacional; em contrapartida, apresenta com cuidado e genialidade um dos aspectos centrais da cosmovisão reformada - a tríade Criação, Queda e Redenção - utilizando-a como ponto de partida para a crítica cultural e a proposta de ação cristã no mundo. A Nancy reconhece no prefácio do livro sua dívida para com a filosofia de Herman Dooyeweerd.
Não poderíamos nos esquecer da obra Paixão pelo Paradoxo, de Ricardo Quadros Gouveia, que trata, na verdade, do pensamento de Kierkegaard, mas o faz construindo pontes interessantes com a tradição neocalvinista.
Sem falsa modéstia, recomendo o livro que editei juntamente com o Maurício Cunha e o Claudio Leite, pela Ultimato: Cosmovisão Cristã e Transformação: Espiritualidade, Razão e Ordem Social. Neste livro tomamos a filosofia social kuyperiana-Dooyeweerdiana como ponto de partida para uma reconfiguração do projeto de missão integral no Brasil. Além de ser uma obra feita totalmente por brasileiros - a primeira e ainda única na tradição neocalvinista - nela se encontra um capítulo dedicado à introdução à filosofia de Herman Dooyeweerd. Mas saber mais sobre este livro, e outras publicações minhas, clique AQUI.

À medida em que novas obras sobre o tema aparecerem, vamos atualizar este post!

Um abraço,

Guilherme