Monday, November 20, 2006

Carta à redação da revista "Época" (Versão do Diretor)

Prezado responsável,

Gostaria que fosse considerado meu breve comentário referente ao texto "A igreja dos novos ateus" de Alexandre Mansur e Luciana Vicária com Mariana Sanches, publicado em Época, 443, 13 de novembro de 2006, p.88-97. Meu nome é Lucas Grassi Freire e sou estudante universitário em Belo Horizonte. Interesso-me por filosofia da ciência e a relação entre ciência e religião, além de ser cristão e criacionista, o que me levou a comentar sobre o texto. Sabendo que há muito pouco tempo para a análise de cartas à redação, resolvi escrever um parágrafo de comentário somente.

O artigo sobre o ateísmo de pessoas como o Sr. Dennet, o Dr. Dawkins e de tantos outros tem um título muito bem escolhido. Ninguém está livre de pressuposições religiosas no raciocínio e o ateísmo é mais uma ilustração disso. Dennet tentou construir um argumento para concluir que o teísmo é falso, por ter sido mais um produto da evolução. Com isso ele ironicamente seria obrigado a concluir que a ciência naturalista também é falsa, por ser mais um produto da evolução arbitrária e caótica. Com efeito, ateus de forte retórica como Dennet, na ausência de bons argumentos, recorrem à "lei do mais forte" para se impor no mundo da ciência com esse tipo de tese. Na verdade, a ação tentar argumentar contra o teísmo é contraditória. Dentro da visão ateísta de um mundo caótico, defendida por Dennet, a lógica não pode fazer sentido algum, mas dentro do teísmo cristão a lógica faz todo o sentido. Por isso, Dennet e os seus só conseguem argumentar pressupondo o cristianismo ou parte dele, o que não faz sentido segundo seus próprios critérios. Por isso, o ateísmo é, sim, uma religião e recorrer à "ciência" nesses termos para defendê-lo é auto-contraditório.

Grato pela atenção,

Lucas G. Freire

3 comments:

Guilherme de Carvalho said...

Oi Lucas!

Boa iniciativa. Em termos simples, não há lógica sem cristianismo. É bom ouvir sons vantilianos de manhã (hehe!)

Eu sempre planejei cartas a revistas, mas nunca mandei... Quem sabe agora eu me animo?

abr,

Gui

L. G. Freire said...

Pois é. Fi-lo num arroubo de coragem, incentivado fortemente pelo Felipe Sabino.

Não tinha como ser mais breve na argumentação, por isso eu já previa que eles editariam a carta de forma a deixar a parte mais "neutra" do lado de dentro e cortar o resto.

Mas sabemos que não é neutra :)

L. G. Freire said...

Guilherme,

Obrigado pelo comentário. Acho que devemos mesmo aparecer um pouco mais, só que sempre cuidando para que tudo seja feito de uma forma saudável. Apologética sem discernimento, eu gosto de dizer, vira xingamento que fecha portas.