Bem, creio que todos os que me conhecem melhor sabem da minha paixão por Mozart - mesmo que eu não passe de um ouvinte diletante.
Tive acesso, no ano passado, a um dos raríssimos estudos sobre cultura de Karl Barth, na coletânea de Leibrecht em homenagem a Paul Tillich. Trata-se do famosíssimo - dentro de uma insignificante parcela da população mundial, naturalmente - "Wolfgang Amadeus Mozart", um artigo de Barth que ainda pretendo traduzir. Deveria ter sido neste ano - o "ano Mozart", mas meu cérebro não me permitiu tal façanha. No ano que vem, quem sabe...
Mas a referência ao artigo se deve a uma descoberta curiosa. No excelente site sobre Dooyeweerd de Glenn Friesen - um erudito bastante excêntrico que passou dois meses em L'Abri, visitou a Índia, foi aluno de Hendrik Hart quando este ainda era conservador, e finalmente, estudou com o próprio Dooyeweerd - encontrei uma historieta que só poderia correr mesmo fora dos livros. Segundo o Friesen, numa espécie de sarau musical, na casa da filha de Dooyeweerd, ele teve a oportunidade de ouvi-lo comentar Barth. Cito Friesen:
"Então Dooyeweerd falou-me a respeito de música. Ele me disse que Barth tinha dito que, quando os anjos no céu são requisitados a tocar diante de Deus, eles tocam Bach. Mas que, quando eles tocam por si mesmos [para se divertir, no original Barthiano], eles tocam Mozart [e mesmo Deus se diverte com eles, diz o original]. Para sempre em me lembrarei e apreciarei este lado humano de Dooyeweerd."
Como deve ter ficado claro nas minhas observações em itálico, Dooyeweerd citou o artigo de Barth. É compreensível, desde que Dooyeweerd não apenas lia Barth; também era músico, e tocava piano bem, segundo dizem. E eu concordo com ambos: Deus fez Mozart para se divertir, e a todos nós. E se alguém não acredita nisto?
Ora, quem tem ouvidos para ouvir, ouça...